Matheus Pfeifer

    Esta série é o resultado do artigo científico produzido em minha pós-graduação em Pintura Contemporânea e também uma extensão da pesquisa feita na série Simulacros.

    De forma extremamente simples, um Totem seria uma coluna com representações de animais, plantas ou objetos protetores de um determinado clã, símbolo de sua ancestralidade. Quando um membro deste clã passa para sua idade adulta, é realizado um ritual que deverá dar um título para ele; título este que já foi utilizado por seus antepassados e que denota uma função social no clã. Assim, o indivíduo encarna todos os seus ancestrais e o espírito totêmico em si, sobrepondo sua personalidade com este papel social que lhe foi imposto. 

    A partir deste drama social, poderíamos inferir que é causado um trauma neste indivíduo e sua expressão seria por meio da forma como é representado esse Totem, a Split Representation. Este rosto que vemos como “achatado”, na realidade, são dois perfis unidos por um eixo central, o perfil espiritual/social e o próprio indivíduo. 

    Desta forma, me aproprio aqui na série TOTEM dos formatos das traseiras dos carros e as lanternas para elaborar, ao estilo da Split Representation, novos Totens. No TOTEM 1 (1.1; 1.2 e 1.3) abandono o formato da tela para cortar a forma exata das novas máscaras como traseiras de carros e disponho um acima do outro para representar o Totem. Já no TOTEM 2 (2.1; 2.2 e 2.3) retorno ao formato da tela para compor um novo TOTEM e abandono o formato da traseira do carro, mas mantenho seus olhos ainda como suas lanternas, para trabalhar a pincelada mais livre e reproduzir o estilo da Split Representation apenas com ela. 

    Assim, faço uma analogia entre os deuses que regiam as sociedades totêmicas com os carros, pois se naquela tradição o Totem dava um título para o indivíduo representar algum papel em sua sociedade, do mesmo modo, em nossa sociedade capitalista, o carro, como muitos outros produtos, expressam parte de nossa individualidade e denotam um certo papel de classe, criticando assim a nossa forma de consumir endeusando e fetichizando os produtos.